quinta-feira, 29 de março de 2012

A nada mole vida do trabalhador brasileiro II

Por Cláudio Marques

A vida da auxiliar de serviços gerais, Luciana Duarte Barbosa, de 32 anos, uma das 45 pessoas responsáveis pela limpeza da Uesb, é bem parecida com a do jardineiro Paulo, de 50 anos, da publicação anterior - A nada mole vida do trabalhador brasileiro.
Luciana, assim com Paulo, teve de trabalhar desde criança para ajudar na renda da família e acabou abandonando os estudos quando estava na 5ª série do ensino fundamental.

Hoje, Luciana é casada e tem três filhos: um de 4 anos, um de 10 e outro de 18. Como o marido Eustáquio Barbosa está desempregado e o filho de 18 anos ainda está concluindo os estudos, Luciana é a responsável pelo sustento da casa, uma missão nada fácil para ela. Acorda 4h 30 da manhã, ainda ao som dos galos, para fazer café da manhã e o almoço.

Tudo isso em quase 2h, pois 6h da manhã tem de estar no ponto em que passa o transporte da Uesb, o qual a leva para o trabalho.

Luciana faz praticamente uma viagem de segunda a sábado, pois, como mora no bairro Vila Serrana, demora 1h para chegar na universidade. Assim que chega na Uesb, Luciana já bota a mão na massa e só para na hora do almoço.


Como o local de trabalho é distante de sua casa, ela se alimenta na universidade, longe de sua família, longe de seu filho de 4 anos. Após um pequeno descanso é hora de voltar ao batente, que se prolonga até o final do dia.
A vassoura de Luciana, no entanto, já mostra sinais de cansaço. Ela até pensa em voltar a estudar, mas como grande parte das trabalhadoras brasileiras não sobra tempo para experimentar a leitura, saborear as palavras, aprofundar seu conhecimento, discutir sua condição na sociedade.

Luciana, como já havia dito, acorda 4h 30 da manhã, sai de casa 6h e chega depois do pôr-do-sol, mais precisamente 7h para fazer o jantar para a família.
A vida dos trabalhadores brasileiros, a exemplo do jardineiro Paulo, de 50 anos, e auxiliar de serviços gerais Luciana Duarte, não é nada mole. Não lhes sobram tempo para a reflexão, para o pensamento, para a vida de mãe, para a vida de pai, de esposa, de marido.

São, fundamentalmente, escravos do patrão, mais precisamente, do capitalismo à moda brasileira.

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